É SÃO JOÃO, MEU POVO!
- Blog Vimarense
- 22 de jun.
- 2 min de leitura

Por Tony Avelar*
Junho chegou feito promessa boa, trazendo no vento o cheiro de milho verde, fogueira acesa e lembrança boa da infância. É tempo de devoção e festa. Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal descem dos altares direto pro coração da gente — e ali se misturam com o som da zabumba, o riso solto das crianças e a fé bordada nas bandeirinhas que dançam no alto do arraial.
Na cidade, tudo se transforma. As ruas ganham cor, as praças viram palco e até o céu parece mais estrelado, como se quisesse assistir de camarote a alegria do povo. A cada esquina, uma barraca: canjica fumegando, bolo de macaxeira, arroz doce, mingau de milho... E quem resiste à pamonha feita na hora ou ao cheiro do vatapá subindo com o vapor da panela?
É tempo de sair com a família, de mão dada, de sorriso aberto. Tempo de prestigiar as brincadeiras, de ver o vaqueiro do boi bailando com orgulho, enquanto a orquestra embala a noite com toadas que parecem vir do fundo da alma. As índias dançam como flores em movimento. Os chapéus coloridos do boi de zabumba giram como se abrissem caminhos entre o passado e o presente.
Tem quadrilha que emociona, com seus passos marcados e enredos que contam histórias de amor, saudade e resistência. Tem cacuriá que mexe com o corpo e com o espírito, dançando com aquele jeito maroto, provocante e festivo que só o povo daqui sabe fazer. E tem, claro, o turista encantado, de olhos arregalados, tentando entender como tanta beleza pode caber numa só noite.
Junho é isso: uma celebração da cultura, da memória, do encontro. É tempo de amor — dos casais apaixonados que se abraçam sob a fogueira, e também do amor que sentimos por nossa terra, por nossas raízes, por esse jeito tão nosso de transformar o simples em espetáculo.
E quando o céu se acende em fogos de artifício, iluminando a praça de eventos, a gente entende: não é só o arraial que está em festa. É o coração da cidade inteira que está dançando.
Marilton Fonseca Avelar, conhecido pelos amigos de Tony Avelar. Formado em Letras pela UEMA, Funcionário Público, Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Guimarães, e da Academia Vimaranense de Letras, Artes e Ciências.
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