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ENTREVISTA - (2ª parte) - Celso Coutinho: "A construção do hospital foi pagamento do débito soc

  • Nonato Brito
  • 21 de jan. de 2016
  • 15 min de leitura

O Blog Vimarense divulga a segunda parte da entrevista com o ex-prefeito Celso Coutinho. A primeira parte foi publicada na edição do dia 16 de janeiro. As entrevistas com os ex-prefeitos de Guimarães são um esforço do Blog Vimarense em deixar registrados fatos importantes da História de Guimarães nos últimos 46 anos. A terceira e última parte da entrevista com o ex-prefeito Celso Coutinho será públicada na próxima segunda-feira, 25. Os ex-prefeitos José Murilo Nunes de Sousa, Antônio Reginaldo Lopes, Antônio Agenor Gomes, Artur Farias e Padre William Guimarães da Silva serão entrevistados pelo Blog Vimarense ainda neste trimestre. O próximo a ser entrevistado é o ex-prefeito José Murilo Nunes de Sousa. A seguir, a segunda parte da entrevista com o ex-prefeito Celso Coutinho:


Blog Vimarense - Na faculdade o senhor começou a se integrar no movimento político contra o Vitorinismo. Como começou essa sua atividade política?


Celso Coutinho - Deixa-me dizer, nós não tínhamos assim uma direção contra o Vitorino. Lembro-me bem que no dia 11 de agosto, Dia do Estudante, nós estudantes queríamos passar o dia, fazer um passeio na Praia do Olho d’Água e nós fomos ao palácio do governo, um grupo de estudantes, pedir ao governador que na época era Eugênio Barros, pedir um caminhão boca aberta do D.E.R. para nos levar ao Olho d’Água. Não tinha estradas, tinha bonde até no Anil, pra lá era estrada de chão. Lá que eu conheci Vitorino, ele estava lá, me lembro bem disso, ele era um homem muito diferente do que o retrato mostrava. Ele não era moreno, era bem branco e tinha os olhos gateados e com aquela boca bem torta, ele quem nos atendeu e autorizou o D.E.R. a nos dar o caminhão. O Vitorino Freire você tem que reconhecer erros dele, mas também suas qualidades por que ele não era nada e chegou a ser senador 24 anos, chegou a mandar neste país, amigo dos presidentes da República, o Dutra, o Geisel. O Vitorino teve os erros deles como eu. Eu digo assim, se você quiser fazer um juízo do meu comportamento como político em Guimarães, se disser que o cara, o prefeito que mais errou em Guimarães foi Celso Coutinho, eu fico tão satisfeito em a pessoa reconhecer que fui a pessoa que mais errou em Guimarães e eu justifico por quê. Só três entidades não erram: Os deuses – não somos Deus, os mortos – eu não quero morrer para não errar -, e os que não fazem nada. O senhor está me entendo? Se eu não tivesse a minha marca, se alguém perguntasse quem colocou esse poste aqui? Aí respondem: foi Celso Coutinho. Se não tivesse nada para dizer ao eleitor eu não iria mais a Guimarães com vergonha. Posso lhe dar também exemplos: não tem aquele pedacinho de asfalto perto da casa do professor Alibel? Aquele asfalto tem mais de 40 anos, e também perto do sobrado. Estou te dizendo da qualidade do trabalho, gostaria que os prefeitos cuidassem para que não acabassem. Estou vendo nos jornais daqui, de ontem e de hoje, que obras que foram feitas na cidade de São Luís no ano passado já estão quebrando, ônibus caindo em crateras e nossa estrada de Guimarães, de 24 quilômetros, tem 15 anos de construída e que só alguns buraquinhos já apareceram e que já foram corrigidos. Essa estrada é uma estrada padrão, eu disse até para o padre William tirar retratos de trechos dessa estrada e fazer cartões postais para turistas, dizendo em três ou quatro linhas que esta estrada tem 15 anos, colocar as sinalizações verticais que foram tiradas e instalar sinalização eletrônica. Todo tipo de veículo passa lá, até veículos pesados. Mostrar isso para ser copiado pelos outros. A estrada de Cujupe para Central já foi reconstruída de 5 a 6 vezes nesse período e a nossa não.


Blog Vimarense - Por qual partido o senhor foi candidato a vereador em Guimarães na época do vitorinismo?


Celso Coutinho - Eu fui candidato a vereador em Guimarães e fui mais o votado na cidade e perdi por que não tive votos no interior. Fui candidato pelo PDC – Partido Democrata Cristão. Já quando político profissional como prefeito, deputado, eu era da ARENA e parece que um dos erros que cometi foi pertencer a só um partido político, por que não fui eu quem mudei de partido, foi o partido que mudou de nome, ARENA passou para PDS, PDS para PR, eu fui só acompanhando por que não podia ficar sem partido. Eu não sou um político partidário da fidelidade partidária. Acho que a fidelidade partidária é uma imposição, sou a favor da coerência partidária, seja ela qual for, você tem a liberdade. Não sei se foi Voltaire que disse assim: “Eu posso não concordar com uma letra do que você disser, mas eu tenho que respeitar o direito de você dizer”. Pode não concordar com nada, mas eu não posso impedir que você tenha a sua opinião. Voltaire também disse que “Na natureza nada se cria, tudo se transforma”. Parece que é, por que ainda não se sabe de onde veio a vida, uns dizem que veio de uma bactéria, mas ainda não disseram de onde veio a bactéria (risos). São essas coisas que acontecem.


Blog Vimarense - No movimento das Reformas de Base, do Presidente João Goulart, na década de 1960, o senhor trabalhou na Superintendência da Reforma Agrária. Como foi essa experiência?


Celso Coutinho - Nonato, a Superintendência da Reforma Agrária é o que chamávamos e ainda chamamos até hoje de INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária e eu fui nomeado delegado. Isso foi uma das acusações que recebi de que a gente estava nomeado para uma repartição que tinha contato com lavrador e que eu influenciava-os, essas coisas inventadas. Quando eu fui Presidente da UME, tinha uma parte da igreja conservadora, mais reacionária e não aceitavam determinados conceitos. Aí está uma das acusação que recebíamos, sermos vermelhos, por que a cor do comunismo era vermelha, então me chamavam de vermelho.

Autoridades no antigo Campo de Aviação no dia da inauguração do Centro Educacional Comunitário (CEC), em 1º de abril de 1970, na Rua Emílio Habibe, obra que envolveu a Administração Municipal, a Paróquia de Guimarães, pais de alunos, professores, alunos e toda a comunidade vimarense. Da esquerda para a direita, o ex-prefeito Paulo Nogueira, o vereador João Nunes, do Cumã, o vereador Henrique Schalcher Neto, o advogado provisionado Augusto Brito, o educador Alessio Coppola, o vice-prefeito Olavo Cardoso, o juiz Luiz Chung, o prefeito Celso Coutinho, o professor Antônio Reginaldo Lopes, o secretário estadual de Educação Cabral Marques, o padre Victor Asselin, vigário da Paróquia, o professor Raimundo Penafort Nogueira Neto, a ex-vereadora Alice Nogueira, o promotor de Justiça Mário Leonardo Pereira e o funcionário municipal José Nascimento


Blog Vimarense - A sua candidatura a prefeito em 1969 teve amplo apoio da juventude de Guimarães, especialmente dos estudantes do ginásio e da Escola Normal Nossa Senhora da Assunção. Como o senhor conseguiu formar a coordenação da sua campanha de 1969?


Celso Coutinho - Nonato, eu tive colaboradores que deram grande apoio. Eu era candidato independente, eu acho que nós temos um dívida social e que temos que pagar. Resolvi pagar essa minha dívida. E certa feita, Anita Gomes, sua avó, que era vereadora, eu disse a ela que queria ser candidato a prefeito. Então ela me perguntou: tu queres ser mesmo candidato, Celso? Então nós vamos te apoiar, ela e o grupo dela, o grupo que tinha saído do Tavares que era um forte candidato concorrente. Recebi esse apoio e apareci como candidato desse grupo dissidente do Tavares e eu tinha uma mensagem nova, uma mensagem que sensibilizava também os estudantes. Uma das coisas que tinha na escola e que com o tempo acabaram em Guimarães, as atividades políticas na escola, que elegiam presidente e outros cargos no Grêmio Estudantil Victor Asselin, envolvendo os alunos. Era uma coisa moderna, aquilo já era uma experiência para uma política profissional. Vou lhe dizer por que o político tem que ser profissional. Vejo às vezes pessoas respeitáveis dizerem, mas desinformadas, defendendo um cargo político, uma função política e diz não ser um político profissional, diz eu não sou político profissional por que acham que político profissional é corrupto, mas não, onde tem o corrupto tem o corruptor. Na corrupção tem os dois lados, não pode ter corrupto sem corruptor, as vezes escondem o corruptor para penalizar o corrupto, né? Nonato, fomos para a batalha e aí tinha uma história de que eu era subversivo, que tinha sido preso e que a minha candidatura não ia passar e tudo mais. E nós, inclusive Anita, preparamos um substituto pra me substituir se caso eu não pudesse ser candidato. A pessoa era a professora Francy Anchieta, mas aí nós conseguimos. A Anita era muito amiga do senador Clodomir Millet, ele morava na Rua das Mangueiras onde é meu escritório do centro da cidade, então conseguimos esclarecer essas jogadas todas que queriam me tirar e eu fui candidato. Eu vinha de uma experiência político-estudantil e que a primeira eleição que tive na vida foi de vogal no Centro Liceísta. Na faculdade de Direito, quando eu cheguei, já tinha uma entidade que eles chamavam lá de Parlamento Escola. Tinha o Diretório Acadêmico que era eleito pela faculdade toda e tinha esse Parlamento Escola que cada turma elegia a sua representação. Eram dois para a faculdade federal, dois para a faculdade estadual e esses eleitos nas turmas formavam o Parlamento Escola. Esse Parlamento era aquelas pessoas que gostavam da política e existiam algumas que já eram envolvidas com a política profissional e todos os sábado nós nos reuníamos para discutir os problemas políticos da nação, convidávamos uma autoridade para fazer uma palestra, outra coisa qualquer. Eu fui cinco vezes eleito para o Parlamento Escola da Faculdade de Direito. Haviam três partidos na minha época, a ALA – Aliança Liberal Acadêmica, que era ligado às pessoas do poder. Eu tinha dois colegas de turma que eram filhos do governador, Nilton e Neto, uns caras decentes; a LEI – Legião Estudantil Independente, que era ligada a uma parte da igreja que não gostava da gente, e tinha a MNA – Movimento Nacionalista Acadêmico e tinham uma campanha muito forte em cima da gente. Eu fui o único candidato do MNA que foi presidente da UME e eu tenho uma coincidência com oito, de que há sempre no meu caminho um oito. Quando eu cheguei ao mundo foi no dia oito, oito de dezembro, na eleição da UME ganhei por oito votos, perdi uma eleição em Guimarães por oito votos e muitas coisas são inclusos o oito (risos) e eu quero saber o que é isso.

Flâmula alusiva à Administração do prefeito Celso Coutinho, no mandato 1970-1973 (Foto: Dibo Cuba)


Blog Vimarense - Durante o seu primeiro mandato o senhor promoveu a Campanha da Pedra para a construção do hospital do município. Em toda correspondência oficial o senhor mandou imprimir a expressão: “Guimarães terá o seu hospital. Ajude-o a construí-lo”. Como foi a Campanha da Pedra?


Celso Coutinho - Nonato, quando eu cheguei a Guimarães tinha dificuldade até para as pessoas aplicarem injeção, muitas dificuldades. Eu quando tinha dois anos de idade em Guimarães, alguém me deu uma injeção na nádega direita e aplicou errado, eu tenho uma cicatriz grande por que virou um abscesso, eu tive que vir pra São Luís tratar desse abscesso, vim de barco à vela, eu nunca andei de barco motorizado na época. No começo vomitava pra droga, mas depois passei a ser barqueiro, quem me trouxe foi Cafuza, mãe da professora Maria do Carmo, ela era a minha babá. Chegando aqui fui tratado por um médico chamado Dr. Geraldo Melo. Para ele foi uma coisa simples, mas lá não souberam aplicar, não puxaram para ver se não pegou nenhum vaso, né? Sei que não foi com intenção de me prejudicar, mas tecnicamente não sabia. Isso me marcou no subconsciente, então eu disse que quando tivesse a oportunidade de pagar o meu débito social com a minha terra, eu vou tentar ver se faço um hospital. Quando eu cheguei lá já tinha uma campanha comunitária dos padres e das freiras e eu me engajei. Guimarães era dividido em zonas, então eu aproveitei isso e convoquei as zonas para discutirem esse problema do hospital e dizia que eu queria como colaboração essa pedra como símbolo que cada um ia dar. Ninguém podia dizer que não tinha uma pedra pra dar, mas essa pedra era somente um símbolo e sabíamos disso, dizíamos que a sua pedra e as dos outros valiam muito, assim conseguimos preparar a comunidade a entender que ele podia dar essa ajuda, então nesse dia primeiro de maio de 1970 nós fizemos a Marcha da Pedra, cada vimarense com uma pedra, juiz, promotor, prefeito, esposa de prefeito, vereadores, alunos, professores, padres, freiras, adversários políticos, o mais humilde vimarense, todos levaram uma pedra, mas teve gente que deu metros de pedras e depois fomos para o hospital. Me lembro bem da sua tia Altiva, depois de um tempo, se desentendeu comigo, e que se originou com o Bilá que era meu compadre e devia Anita uma importância em dinheiro e não pagou, então ela ficou com o banjo dele para forçar ele pagar, mas ele foi à Justiça e o juiz Luiz Chung me chamou para me dizer que tinha essa queixa contra Anita e o juiz chamou Anita para cobrar, que ela não podia se pagar, que podia cobrar na Justiça o Bilá. O delegado da época era Danielzinho. Eu chamei Anita para conversar e não para processá-la. Rapaz, essas coisas que a gente deixa de se entender e depois se entende mal, isso gerou uma distância minha com ela e a gente ficou politicamente separados. Altiva era quem queria mesmo a separação, eu sabia disso e o marido dela, Pedro Teixeira, o conhecido Pedro Malazart, muito meu amigo. Mas na época Nonato, Altiva ajudou, ela quem distribuía o lanche no hospital para as pessoas que vinham dos povoados para ajudar, trabalhar na construção, a prefeitura comprava o lanche e ela era a responsável pela distribuição, essa e outras ações. Pedro era filho de dona Isabel, irmã de dona Leopoldina, era um homem bonito e talentoso, tocava violino. O Pedro tinha um sonho, considerando que ele era um homem bonito, o projeto dele era ir a Pinheiro, e para Pinheiro tinha que cevar um cavalo durante sessenta dias para aguentar a viagem, que quando ele fosse, alguma filha de um fazendeiro daqueles olhasse para ele ia se apaixonar e casaria com uma herdeira de fazenda. Pedro sempre dizia isso pra nós, isso nunca aconteceu e também nunca fez essa viagem (risos) e aí casou com Altiva. Quando nós chegávamos de férias, eu, ele, Zebinho Cavaignac e outros, fazíamos serenatas. Agora ele era um homem que tinha um complexo de medo de visagem, dessa coisa toda, e quando ele ficava até alta noite a macacada tinha que levar ele em casa (risos). A filha de Altiva, Maristela, cidadã decente, tenho uma grande admiração por ela, só abrindo um parêntese. Eu estava com a minha mulher em um curso do poder da mente e ela estava, eu sentei bem do lado dela, aqui na Praia Grande. A professora que estava ensinando o poder que a gente tinha, que dava umas orientações notáveis, a professora Lídia Gomes, que em um momento dizia que devíamos unir nossas forças, que um devia dar a mão para o outro e pedir, desejar as coisas boas para aquela pessoa ao lado, só na força da mente. A Maristela do meu lado, que até então eu achava que ela me antipatizava, nos demos as mãos, ela de um lado e a minha mulher do outro. Quando terminamos, ela me deu um beijo no rosto e disse: Celso Coutinho eu pedi tudo de bom para ti. Rapaz, isso me marcou e guardo até hoje e estou te contando aqui. Eu tenho uma grande admiração por ela, acho que não a conheço mais. Esse gesto dela é inesquecível. Voltamos ao assunto da Marcha da Pedra. Nonato, dias antes do início do movimento, colocamos uma faixa no canto Dias Vieira com a seguinte frase: “A minha Pedra de hoje será o meu hospital amanhã”. Esse movimento social com vários segmentos da sociedade, o pessoal das zonas entendeu que um ajudando o outro conseguiria o que desejávamos. O aviador Gaudêncio me perguntava no outro dia para que era aquelas pedras ao lado da Pirâmide, eu contei a ele e o mesmo me disse que nunca tinha visto, merecia ser publicado nas revistas da época como a Manchete e Cruzeiro. Mas o que tem que se registrar é essa presença de Anita na vida pública de Guimarães, ela foi vereadora mais de uma vez e muito ajudou a nossa terra. Dona Almerinda era comadre do meu pai, parece-me que o meu pai era padrinho do Agenor, Agenor Velho, e ela, madrinha de um irmão meu que não lembro agora. Eu me lembro bem dela, eu tomava bênçãos pra ela. Nesse época a gente tomava a bênção para os mais velhos. Eu acho, Nonato, que você, um jovem com essa sensibilidade, sei que você não vai se admitir o dono da verdade, mas tem essa prédisposição de discutir o fato, você pertence a uma juventude que vai representar Guimarães amanhã, então que todos estejam preparados para isso, e como você se prepara? É reconhecendo a política e o mal da politicalha. Você é um dos jovens que deve fazer o seu curso superior de Jornalismo, você é dessa geração que vai representar Guimarães. Em Guimarães e em qualquer lugar não devemos confundir a guerra com a luta política, na guerra ninguém ganha, na luta política ninguém perde.

Passeata da Pedra em Guimarães, no ano de 1970, mutirão que mobilizou toda a cidade para a construção do hospital (Foto: Giorgio Múrgia)


Blog Vimarense - Quais são as realizações mais importantes que o senhor considera na sua primeira gestão?


Celso Coutinho - Nonato, não há lugar nenhum no mundo que possa falar em desenvolvimento sócio-econômico se não tiverem essas três coisas: energia, transporte e comunicação. No meu primeiro mandato eu já me lembro do meu convencimento da importância dessas três coisas. A luz chegou em Guimarães que era fim de linha, que era o último lugar para chegar, no dia do aniversário da minha mãe, no dia 10 de dezembro. Eu não lembro bem o ano, se foi em 71 ou 72, depois vieram as estradinhas vicinais. Nonato, tivemos em Guimarães a visita do embaixador do Canadá no Brasil, o canadense Cristian Ard e quem conseguiu a ida dele lá foi a própria Igreja com os padres João Caya, Victor Asselin, as Irmãs Marieta e Maria Paula. Irmã Maria Paula foi a minha secretária de Educação e a Irmã Marieta, na época responsável pela Escola Nossa Senhora da Assunção, ela preocupada por que a Missão Canadense não iria mais fazer a manutenção da Escola e que já tinha procurado o Ministério da Educação e disseram a ela que não era política do Governo trazer uma escola particular para a rede pública. Procurou o secretário de Educação do Estado para entregar a escola e o secretário disse a mesma coisa, veio me entregar a escola. Eu disse a irmã Marieta que o município não tinha a menor condição, mas que iriamos receber e ela não ia fechar. Isso aconteceu após a visita do embaixador, já no final do mandato e acho que em Guimarães não pode faltar esse registro por que acredito que foi o único embaixador que foi a Guimarães. A Pirâmide, dizem que é uma homenagem ao governador de então Luís Domingues, temos que conservar, é um marco. Acho que até na Câmara de Vereadores, em uma sessão poderiam tratar essas coisas para ficar nos anais da Casa, fazer parte da História de Guimarães. Nós fizemos uma bonita recepção com desfile das escolas pelas ruas da cidade, ele um cidadão que falava muito bem o nosso português e alguns pedidos fizemos ao visitante. Na minha saudação ao ilustre visitante eu dizia que estávamos fazendo a convocação de pessoas para nos ajudar e ele era a grande ajuda que estávamos precisando e que Guimarães escrevia uma nova página da sua história recebendo o embaixador do Canadá, a nossa terra estava precisando de uma ajuda efetiva para desenvolvermos um projeto com máquinas. Fui almoçar na casa paroquial e sempre o padre Victor Asselin junto conosco, e lá reforçamos o que tínhamos dito na recepção. Nonato, em breve fomos atendidos com um trator Fiat, uma patrol Hubervaco e uma caçamba Chevrolet, todos zero km. Deixei lá e o pessoal não cuidou bem e essas coisas sendo discutidas na Câmara e inseridas nos anais da Casa ficarão como fonte de pesquisas. Voltando à história da Escola Nossa Senhora da Assunção nós tivemos coragem e recebemos, encontramos toda especada, já funcionando em outros locais. O Secretário de Educação do Estado era Magno Barcelar que foi meu colega de turma. Fui onde ele e pedi ajuda para recuperar a escola, fiquei só na promessa. Um dia voltei ao gabinete dele e convidei o Magno para ir a Guimarães visitar a escola. Chamei os professores, diretores e alunos para recepcionar o secretário de Estado. Chegando lá foi recepcionado pelo prefeito, não lembro se Dom Ungarelli estava presente, pelo promotor, juiz, diretores de escola e os alunos. As escolas desfilaram e o levamos a pé ao prédio para que in loco presenciasse a situação precária. Ainda brincou comigo dizendo, Celso Coutinho, tu me trouxe para ser abafado nesta casa? Mas valeu a pena essa visita. Ele autorizou a reforma do prédio e que foi preciso fazer nova escola, depois disso só agora houve uma grande reforma. No cartório de Murilo quando ainda era de Naly, tem a entrega da escola para o município pela irmã Marieta. A política deve ser entendida como essa fonte de direitos sociais e nunca como uma coisa que não tenha nenhum valor social. O cidadão que diz que não é político, ele diz por desconhecimento ou por tolice. Já deputado, tive um entendimento mais amplo, fui o primeiro deputado a fazer uma reunião quando o Agenor era prefeito, reunião de prefeitos e líderes políticos da região do litoral norte do Maranhão, de Alcântara a Carutapera. Alcântara, Guimarães, Mirinzal, Cedral, Cururupu, Bacuri, Turiaçu, Godofredo Viana, Luís Domingues e Carutapera. Hoje tem outros municípios que foram desmembrados. O Governador do Maranhão era Nunes Freire e eu era Líder do Governo. Nós fizemos essa reunião em Turiaçu onde eu tinha tido um voto que foi de um funcionário do D.E.R. que era filho de Turiaçu e que trabalhou em Guimarães quando eu fui prefeito. Então nós temos a Carta do Litoral Norte, esses prefeitos, um deputado e repetimos esse encontro para discutirmos o mesmo assunto em Cururupu quando o prefeito era o professor Edmundo que tinha divergências com Walim e eu fiz os dois irem para esse encontro. Fui à casa do professor convidá-lo, ele não queria ir ao encontro, mas, convenci de que era mais dele do que de Walim, por que você quem é o prefeito do município, os interesses são do município e você é quem representa. A partir daí é que foram aparecendo as estradinhas, a energia, a comunicação. Tenho guardada uma matéria sobre uma conferência do diretor da Telma na Assembleia Legislativa. Na ocasião perguntaram pra ele por que não tinha telefone em Guimarães, que o Litoral Norte tinha um programa de telefonia e ele respondeu que já tinha em mãos um requerimento do deputado Celso Coutinho, pedindo o telefone para Guimarães, de forma que conseguimos a comunicação para a nossa terra.

(A TERCEIRA E ÚLTIMA PARTE DA ENTREVISTA SERÁ PUBLICADA NA EDIÇÃO DE SEGUNDA-FEIRA, 25)

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