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  • Nonato Brito

FOTO DE ARQUIVO - Há 60 anos transitavam carros de boi na Rua Dias Vieira


Sete religiosas da Congregação das Irmãs de Assunção posam para a foto em um carro de boi em frente ao comércio denominado "Casa do Povo", de propriedade do conhecido comerciante Manuel Pimenta, na Rua Dias Vieira, esquina com a Rua Sotero dos Reis. A segunda, da esquerda para a direita, é a Irmã Maria Assunta (Therese del Guidice), fundadora da Escola Normal Nossa Senhora da Assunção. À direita, dona Cotinha Pimenta, esposa de Manuel Pimenta e legionária da "Legião de Maria", da Paróquia de Guimarães. A fotografia tem 60 anos (Foto: Arquivo da Missão Canadense)


Há 60 anos, em 1956, transitavam carros de boi pela Rua Dias Vieira, a principal rua da cidade. Na época, o único carro da cidade era um jeep, pertencente aos religiosos da Missão Canadense de Nicolet, que desenvolviam um trabalho educacional e apostólico no município. A seguir, o Blog Vimarense publica um texto sobre a vida de Guimarães, há 60 anos, na visão de uma religiosa canadense, saída de um país com um dos maiores IDH's para viver uma aventura missionária em terras de Guimarães. O texto é da Irmã Georgette Desrochers:


"Era 25 de setembro. Em uma pista de terra batida, pousa o avião que traz as missionárias. O campo de aviação de Guimarães não lembra, nem de longe, o aeroporto de onde partiram, o de Dorval. Mas elas chegaram, enfim, à sua destinação, no seu país de adoção. Apenas alguns curiosos estão ali, pois as missionárias não estavam sendo esperadas tão cedo. A notícia da sua chegada se espalha muito ligeiro e logo os foguetes estouram e as crianças cantam a pleno pulmão! Os rostos simpáticos impressionam agradavelmente as irmãs que, por sua vez, surpreendem os brasileiros pronunciando algumas palavras em português. Acolhidas na residência dos padres, as irmãs morarão ali até que sua casa esteja pronta.

Em sua nova terra, a vida doméstica não é mais a mesma, quer se trate de preparar as refeições, lavar a roupa e a louça, ou de tomar um bom banho para repousar. A escassez da água condiciona tudo. A comida, em Guimarães, é pouco abundante e muito diferente daquela do seu país de origem. Legumes não existem e a carne é raríssima. A aprendizagem da língua é uma dificuldade real.

A iluminação com velas a partir das 18 horas, e o calor úmido, tiram o gosto de trabalhar à noite e os mosquitos obrigam a dormir embaixo de mosquiteiros. Acrescenta-se a tudo isso a pobreza das casas, como um desafio para o ânimo de quem morava em residência confortável embora não luxuosa.

A falta de artigos de primeira necessidade, somadas às condições ambientais e ecológicas é um convite à paciência, à criatividade e à coragem. O que fazer ao ser surpreendida com a presença de uma cobra ou sem guarda chuva debaixo de uma chuva torrencial? E ao ter a casa invadida por uma nuvem de insetos? (marimbondos e abelhas, entre outros?).

Pouco a pouco, as irmãs se adaptam à nova realidade e se fazem brasileiras como os brasileiros. Elas aproveitam esses primeiros meses para mergulhar no seu novo meio e se integrar nele. Estudam o português e falam com as pessoas a fim de conhecê-las e fazer-se conhecer. Procuram corresponder às expectativas do seu bispo e às necessidades do seu povo. Abrir escolas e pensionatos; formar apóstolos e lideranças; implementar obras sociais: elas se sentem sem recursos e muito pouco numerosas diante de tantas demandas".


(Extraído do livro "Audácia e Esperança - As Irmãs da Assunção da Santa Virgem no Brasil - 1956-2006", Gráfica e Editora Linha D'Água, São Luís, 2010).




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