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  • Nonato Brito

Homenagem do Blog Vimarense a Guimarães no transcurso dos seus 258 anos de fundação


O Blog Vimarense homenageia a nossa Guimarães no transcurso dos seus 258 anos de fundação no dia 19 de janeiro, com a belíssima poesia do vimarense Paulo Oliveira.

PORTO DO GUARAPIRANGA

(Antigo Guarapiranga do Cumã)

(Paulo Oliveira)

A festa começa aqui,

desde a origem de meus pais,

da gestação de meus filhos,

entre berços naturais,

falantes da mesma língua,

pisantes do mesmo chão,

exaustos da mesma lida,

nutridos do mesmo pão,

queimados do mesmo Sol,

mimados da mesma Lua,

amados do mesmo modo

por Deus e por mim, Mãe-terra,

filha da fertilidade,

irmã da prosperidade,

sob uma chuva de valores,

que o arco-íris do otimismo

sempre matizou as cores.

Sou eu, Guimarães, a outrora

Fazenda Guarapiranga,

nação dos Tupinambás,

meus primitivos senhores,

cercada de manguezais,

nos meus primeiros verdores,

onde os ventos tropicais

sussurravam seus frescores,

quando o rubro dos Guarás

superava as outras cores,

enquanto as águas marinhas

preenchiam todas linhas

desenhadas neste mapa.

Sou eu, Guimarães de sempre,

aflorando por etapas,

aldeia, fazenda, vila

desde o tempo do cacique

Pacamão, o principal

pajé de muitas mulheres,

vivendo vida tranquila,

no meu berço original,

abraçada com franceses

e, depois, com portugueses

na esfera colonial.

João Teófilo de Barros,

o dono da sesmaria,

Guarapiranga do Cumã,

quando então Capitania,

deixou tudo para o herdeiro,

o mulato José Bruno,

filho dele com Silvana,

a escrava que mais valia,

até mais que o sítio inteiro.

De João para José,

de José para a Coroa,

a terra de pé em pé,

sob a sombra de Lisboa,

até quando esta ordenara

ao fiel governador,

Pereira Lobato e Sousa,

que a elevasse com penhor,

ao privilégio de Vila.

Este ilustre mandatário,

conhecido por Gonçalo,

e a oficial comitiva,

cumprindo as formalidades,

ao senhor rei deu três vivas,

enquanto alguém a gravar,

num pelouro de madeira,

com quatro faces lavrado,

o símbolo do reinado,

a servir de pelourinho,

e, enquanto o fato ocorria,

punha-se o povo a cantar,

defronte de uma bandeira

lá da pátria portuguesa

aplaudindo extasiado

aquela graça altaneira.

Foi daí que me encontrei,

ou me encontraram por aqui,

e do dia em que me achei

nunca mais eu me perdi,

no calendário encontrei

a manhã em que nasci,

na capela, onde adentrei,

junto de Deus eu me vi.

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