IGREJA DE SÃO JOSÉ - Poema de Paulo Oliveira
- Nonato Brito
- 22 de ago. de 2019
- 1 min de leitura

IGREJA DE SÃO JOSÉ
Paulo Oliveira (Pauliver)
Quem semeia São José
faz colheita de Maria,
quem semeia sempre a fé
faz coleta todo dia,
inclusive de Jesus
nesta igreja que conduz
o cristão que fica em pé.
A igreja em si possante,
com paredões colossais,
quer construção ou pintura,
tudo sobre arquitetura,
num modelo que jamais
contou com luxo ou cristais
dentro e fora da moldura.
Eis tempo erigido
com seu rosto para o mar
num local bem escolhido
de maneira a contemplar
o porto do seu começo,
antes mesmo de ser vila,
sem qualquer noção de preço,
numa vida bem tranquila,
tão feliz nesse endereço
cercado de clorofila,
a saber dos meus tropeços.
À sua esquerda, a baía,
pela direita o poente,
pela frente, sua origem,
pelo fundo, o sol nascente
e, por cima, a Santa Virgem,
mãe do filho onipotente.
Pra erguer este templário,
sólido e mais que seguro,
gastaram-se muitos negros,
índios e outros operários,
a serviço da missão,
criando dias tão duros.
Tantas missas celebradas,
batizados, casamentos,
ladainhas e novenas,
somadas com sacramentos
voaram destes altares
para Deus no firmamento.
Desde os padres Jesuítas
aos seus irmãos Franciscanos,
desde os bons leigos e freiras
que esta igreja é bendita
no apostolado romano,
aliás, esta mesquita
preservou-se bem bonita
aos olhos do Vaticano.
No tempo do coroinha,
da Santa Missa em latim,
de costa para os fiéis,
o mandamento era assim:
a mulher com um decote,
e saia curta (ora veja!)
não entrava na igreja,
nem que possuísse dotes.
Os brancos de melhor nível
Dentro dela tinham túmulo,
Ou jazigos lapidados,
Enquanto, fora, enterrados
Eram os pobres. O cúmulo
De um meio civilizado!
Mas, de belo, a procissão
marítima, a maior,
do patrono São José,
que depois de percorrer
um extenso igarapé
tem regresso ao altar-mor,
sob aplauso popular,
onde colocam o andor.
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