CRÔNICA DE UM DOMINGO EM GUIMARÃES
- Blog Vimarense
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Domingo em Guimarães, a histórica cidade do litoral norte maranhense, fundada em 19 de janeiro de 1758 e nascida da Fazenda Guarapiranga, é um convite ao ritmo sereno das pequenas grandezas. A manhã começa com o cantar dos galos, o canto dos ben-ti-vis ecoando sobre as ruas da bicentenária cidade. Logo cedo as igrejas chamando os fiéis para a missa, para os cultos evangélicos num domingo que já nasce abençoado pela fé.
Enquanto o sol sobe, famílias pegam estradas em direção aos rios da zona rural – a Passaginha, a fonte Grande, o Paquetá, o Jepuba, e tantos outros escondidos na mata. É lá, entre banhos gelados, uma cervejinha e redes estendidas sob as árvores, que o domingo ganha seu ritmo próprio. Alguns preferem seguir até as praias desertas, Itapiranga, Recreio, ou a movimentada Araoca, onde o mar se mistura com lendas de pescadores e o cheiro de peixe assado na brasa.
Ao meio-dia, o silêncio toma conta das ruas. As portas das casas se fecham para o almoço em família, onde não pode faltar o peixe frito, o camarão, a farinha ou um mocotó bem temperado. Quem passa pelo centro vê apenas alguns moradores passando sem pressa ou o zunido distante de uma moto. Até os cachorros parecem respeitar a pausa.
Mas quando o sol se põe, a Praça Luis Domingues desperta. As famílias chegam aos poucos: crianças correndo entre os bancos, casais de mãos dadas, grupos de jovens rindo alto perto do obelisco. Alguns compram pipoca ou um sanduiche na lanchonete próxima, um sorvete; outros apenas sentam para "ver a vida passar", como dizem os mais antigos. É nessa hora que Guimarães parece sussurrar suas histórias – das ruínas do tempo colonial, da coragem de Maria Firmina dos Reis, primeira romancista negra do Brasil, nas Histórias de assombrações pelas ruas da cidade ou dos versos revolucionários de Sousândrade, que um também nasceu nessas terras.
O domingo termina sem pressa, como sempre. Amanhã a cidade voltará ao trabalho, às lutas, ao vai e vem das marés. Mas por hoje, basta o rio, a praça, o céu estrelado e a certeza de que, em algum quintal, ainda se ouve o rádio tocando um reggae, uma boa seresta, como herança de um dia perfeito.
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