O GOLPE MILITAR DE 1964: O DIA EM QUE A DEMOCRACIA FOI INTERROMPIDA
- Blog Vimarense

- 1 de abr.
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Brasília, 31 de março de 1964 — Sob o pretexto de "salvar o país do comunismo", tropas militares marcharam contra o governo legítimo do presidente João Goulart, marcando o início de um dos períodos mais sombrios da história brasileira: a Ditadura Militar. O golpe, articulado entre militares, elites econômicas e com apoio internacional dos Estados Unidos, derrubou Jango em poucos dias e instaurou um regime autoritário que duraria 21 anos .
O Contexto da Crise
João Goulart, vice-presidente eleito em 1960, assumiu o cargo após a renúncia de Jânio Quadros em 1961. Sua posse só foi garantida após a Campanha da Legalidade, que evitou um primeiro golpe militar. Jango, herdeiro político de Getúlio Vargas, defendia as chamadas Reformas de Base — medidas progressistas como a reforma agrária, controle de remessas de lucros estrangeiros e ampliação de direitos sociais. Essas propostas alarmaram setores conservadores, incluindo latifundiários, empresários e a cúpula militar, que viam nelas uma "ameaça comunista" .
A tensão atingiu o ápice em *13 de março de 1964, quando Goulart discursou no Comício da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, para 200 mil pessoas. Ali, anunciou decretos para desapropriar terras improdutivas e nacionalizar refinarias de petróleo. A resposta veio rápido: em **19 de março, a *Marcha da Família com Deus pela Liberdade, apoiada pela Igreja Católica e pela imprensa conservadora, reuniu 500 mil pessoas em São Paulo para pedir intervenção militar .
A Tomada do Poder
Na madrugada de 31 de março, o general Olímpio Mourão Filho partiu de Juiz de Fora (MG) com tropas em direção ao Rio de Janeiro. Sem resistência organizada, Jango fugiu para Brasília e depois para o Rio Grande do Sul, onde tentou articular uma resistência. Em 2 de abril, o Congresso Nacional, liderado pelo senador Auro de Moura Andrade, declarou a presidência "vaga" — mesmo com Goulart ainda no país — e empossou interinamente o presidente da Câmara, Ranieri Mazzilli .
O golpe foi consolidado com o Ato Institucional Nº 1 (AI-1), em 9 de abril, que permitia cassações de mandatos e suspensões de direitos políticos. Em **11 de abril*, o Congresso elegeu indiretamente o marechal Humberto Castelo Branco como presidente, iniciando uma série de governos militares .
O Papel dos EUA e a Repressão
Documentos históricos revelam que os Estados Unidos financiaram grupos golpistas, como o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad) e o Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (Ipes), além de preparar a Operação Brother Sam — um plano de invasão caso o golpe fracassasse .
Nos anos seguintes, o regime militar censurou a imprensa, prendeu e torturou opositores e baniu partidos políticos. O AI-5, de 1968, aprofundou a repressão, tornando-se símbolo da escalada autoritária .
Legado e Memória
Passados 61 anos, o golpe de 1964 ainda divide opiniões. Enquanto setores conservadores o chamam de "revolução", historiadores e instituições como a Comissão Nacional da Verdade o definem como um golpe civil-militar que interrompeu a democracia e deixou marcas profundas na sociedade brasileira .
Para muitos, a data serve como alerta sobre os riscos da polarização e da fragilidade das instituições democráticas. Como disse o historiador Marcos Napolitano, "1964 não foi um acidente, mas o desfecho de uma crise que se arrastava desde os anos 1950" .
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Fontes: Brasil Escola, Wikipédia, História do Mundo, Mundo Educação, Câmara dos Deputados, Rádio Senado, UOL Educação.










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