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VERSO E PROSA: O PÔR DO SOL EM GUIMARÃES

  • Foto do escritor: Blog Vimarense
    Blog Vimarense
  • há 5 horas
  • 3 min de leitura
No silêncio do entardecer,o sol despeja seus últimos suspiros sobre as águas da Baia de Cumã
No silêncio do entardecer,o sol despeja seus últimos suspiros sobre as águas da Baia de Cumã
As águas douradas
As águas douradas
O atracadouro no vai e vem das marés
O atracadouro no vai e vem das marés
Solitária ela embeleza mais a baia de Cumã
Solitária ela embeleza mais a baia de Cumã

Por Tony Avelar, membro da Acadêmia vimaranense de Letras, Artes e Ciências e do Instituto Histórico e Geográfico de Guimarães


Fotos: Roberto Ramos , membro da Acadêmia vimaranense de Letras, Artes e Ciências e do Instituto Histórico e Geográfico de Guimarães


O PÔR DO SOL DE GUIMARÃES

Por Tony Avelar

Há algo de divino no pôr do sol de Guimarães. É como se o próprio tempo fizesse

uma pausa, deixando o coração da cidade bater mais devagar, apenas para contemplar o espetáculo diário que o céu oferece. Quando o sol começa a se despedir por trás das palmeiras altas e dos telhados antigos, o horizonte se veste de ouro, cobre e fogo — e tudo ganha uma cor de lembrança.

Na beira do Trapiche, os pescadores recolhem as redes com o mesmo cuidado com que se recolhe um sonho. O mar, espelhando o céu, parece um quadro pintado por mãos invisíveis. O som das ondas pequenas batendo nas canoas mistura-se ao canto distante de um galo que insiste em cantar fora de hora, talvez emocionado com a beleza do entardecer.É o pôr do sol — e, em Guimarães, ele não é apenas um fenômeno do tempo. É um ritual.

As pessoas parecem saber disso sem precisar combinar. As crianças largam as pipas

e ficam olhando para o céu, como se tentassem descobrir para onde vai o sol quando desaparece. As senhoras, sentadas nas portas,interrompem o bordado para contemplar a paisagem em silêncio, como se a própria natureza merecesse um momento de respeito.

Nessa hora, a cidade muda de cor, de cheiro e até de alma. As paredes antigas dos casarões ganham tons dourados; as palmeiras da orla se tornam sombras alongadas e suaves, como se também se despedissem do dia. Tudo parece mais lento, mais sereno, mais humano. Ainda podemos ver, em seus últimos clarões, pessoas caminhando pela Avenida do antigo Aeroporto. Bem no canto do Aerobar, lá no final da avenida, o céu, com nuvens em tons furta-cor, parece desenhar anjos, enquanto o sol, em seu dourado, irradia focos de luz sobre elas, dando um tom de beleza celestial.

Os guarás, sobrevoando em bando, começam a buscar descanso nos manguezais dos Tavares. E, assim como as horas que restampara que o sol se despeça do dia, é possível ver nas pessoas o agradecimento pelo que viveram e a esperança de que o amanhã traga novas bênçãos, novos começos.

Em Guimarães, o sol não se põe apenas no horizonte. Ele se recolhe dentro da gente.Quando o último raio desaparece e o céu se apaga aos poucos, uma saudade mansa toma conta do coração. É a certeza de que o dia se foi, mas deixou um rastro de beleza que a noite não consegue apagar. E, enquanto as primeiras estrelas surgem, o povo já sonha com o amanhã, com outro entardecer — porque, em Guimarães, o pôr do sol é sempre uma promessa de recomeço.

Quem vive em Guimarães sabe: o pôr do sol é uma prece. É o momento em que o céu se ajoelha diante da terra, e o tempo se curva diante da eternidade. E é ali, no encontro do dia com a noite, que a alma se renova, e a cidade inteira parece suspirar — serena, acolhedora, imortal

 
 
 

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