PASSEIO LITERÁRIO RESGATA OS CAMINHOS DE MARIA FIRMINA EM GUIMARÃES

O grupo do Passeio Literário é recebido com carinho pela moradora na sala da antiga fazenda Entre Rios.

Sob a sombra das árvores, participantes compartilham um lanche, declamações, leituras e boas conversas literárias.

Visita à comunidade de Maçaricó, onde Maria Firmina dos Reis fundou a primeira escola mista do Maranhão.

Josenildes (Nidinha) comemora ao ser sorteada com o livro Cantos à Beira-Mar, de Maria Firmina dos Reis.

Em frente à casa da antiga fazenda Entre Rios, símbolo de memória e história viva da escritora.

No último sábado, 25 de outubro, o Farol do Saber promoveu uma verdadeira viagem pela história e pela literatura maranhense. O Farol do Saber, coordenado por Soraia Schalcher organizou o Passeio Literário Maria Firmina dos Reis, reunindo admiradores da escritora para percorrer os espaços que marcaram a vida e a trajetória da primeira romancista negra do Brasil, que morou 70 anos em Guimarães.

O roteiro começou nas proximidades do antigo Porto do Jacumã, ponto de partida simbólico das viagens de Maria Firmina para São Luís. Foi dali que, em diversas ocasiões, ela embarcou rumo à capital, levando consigo não apenas seus manuscritos e ideias, mas também o desejo de ampliar horizontes e difundir o saber.

Em seguida, o grupo visitou a Igreja Matriz de São José, templo de profunda importância na vida da escritora. Lá, segundo os registros históricos, Maria Firmina assistia às missas e foi madrinha de várias crianças — inclusive filhos de escravos — aos quais concedia a alforria ainda na pia batismal, um gesto de fé e libertação que a eternizou como símbolo de humanidade e justiça.

O passeio continuou pelo antigo prédio da cadeia, Senado e Câmara Municipal, onde hoje funciona o Fórum de Justiça Desembargador Juvenil Ewerton. A caminhada prosseguiu até a Praça Luís Domingues, endereço que abrigou a residência da escritora e a casa de seu tio, Martiniano Reis, espaço onde ela escreveu o célebre romance Úrsula, obra pioneira na literatura afro-brasileira e abolicionista.

A trilha literária seguiu até Entre Rios, onde o grupo visitou o casarão histórico frequentado por Maria Firmina, local onde ela também lecionou para as filhas do proprietário. Sob a sombra das árvores, os participantes compartilharam um lanche coletivo, entremeado por declamações, leituras de trechos de Úrsula e o sorteio de livros — momentos que deram ao encontro um tom afetivo e inspirador.

O percurso encerrou-se em Maçaricó, comunidade que abriga um dos legados mais importantes da escritora: a primeira escola mista do Maranhão, fundada por ela, onde meninos e meninas, brancos e negros, aprenderam lado a lado — um ato de coragem e visão pedagógica à frente do seu tempo.

Ao fin al do passeio, a coordenadora do Farol do Saber, Soraia Schalcher, agradeceu a presença de todos e destacou a emoção de reviver a trajetória da escritora nos próprios lugares que ela frequentava: “Foi uma manhã de aprendizado, partilha e amor à nossa história. Maria Firmina nos inspira a seguir iluminando caminhos com o saber e a liberdade”, afirmou Soraia, anunciando que novos passeios literários já estão sendo planejados pela equipe do Farol.

Entre passos, lembranças e poesia, o Passeio Literário reafirmou a força da memória viva de Maria Firmina dos Reis, mostrando que Guimarães continua sendo um território de cultura, resistência e inspiração.