A MAIOR TRAGÉDIA NA HISTÓRIA DE GUIMARÃES
- Blog Vimarense
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No dia 7 de julho de 1980, o município de Guimarães, no Maranhão, viveu uma das maiores tragédias de sua história — e também uma das mais impactantes da história do Estado: o naufrágio do barco Lima Cardoso, que fazia a linha de transporte entre Guimarães e São Luís.
Naquela época, antes da construção das rodovias, o transporte entre o interior e a capital era feito por barcos ou, para poucos, por aviões. Guimarães, assim como outras cidades da região, como Cururupu e Mirinzal, dependia fortemente dessas embarcações. Moradores desse municípios vinha para Guimarães usar esse meio de transporte. Era um ritual semanal: os barcos saíam de Guimarães nas segundas-feiras, retornavam na quarta, seguiam novamente para São Luís na quinta-feira e voltavam para Guimarães no sábado. Nesses dias, a cidade ganhava vida — ruas movimentadas, principalmente a Rua Filomena Archer da Silva (rua do Porto), familiares se despedindo, mercadorias sendo embarcadas, esperanças sendo colocadas no mar.
Naquela segunda-feira, 7 de julho, o movimento era intenso. O barco Lima Cardoso partiu bem cedo, obedecendo ao horário das marés. A embarcação, no entanto, levava mais passageiros do que sua capacidade permitia, super lotado. Era o mês de julho, além de ser o mês das férias escolares, é o período de ventos fortes e mar agitado, o que tornava a travessia ainda mais arriscada.
Durante a viagem, em alto-mar, o Lima Cardoso colidiu com uma pedra submersa, "a pedra do mero", próximo ao Farol do Pirajuba, costa marítima do município de Alcântara. A pedra já era conhecida por pescadores e navegantes da região. O impacto foi fatal. O barco não resistiu, foi invadido pela água rapidamente. Os passageiros tentaram se salvar como podiam, muitos se agarraram aos destroços, mas as condições do mar eram implacáveis. A tragédia resultou na morte de mais de 40 pessoas, entre jovens, crianças, mulheres e homens.
A notícia chegou a Guimarães pelas rádios da Capital através dos programas da Educadora, Timbira, Difusora já no início da tarde, causando desespero e comoção. Nessa época comunicação só havia por cartas, telégrafo, nem linhas telefônicas existiam nesse período em toda a região; a comunicação era limitada. A cidade, então, mergulhou num pesadelo coletivo. Famílias aflitas esperavam por informações, enquanto helicópteros começaram a chegar trazendo os corpos das vítimas.
Entre os mortos: Antônio Emanoel Gomes( faleceu após chegar na areia da praia conforme testemunhas), jovem vereador com 30 anos de idade; Dr. Sudário, odontólogo conhecido e professor da Escola Normal; Abel Costas, mestre experiente de embarcações; Cristina, jovem estudante cheia de sonhos;
e tantos outros que deixaram um vazio irreparável na memória coletiva de Guimarães.
Hoje, passados 45 anos, essa tragédia ainda vive na lembrança dos que perderam entes queridos, dos que presenciaram o luto de uma cidade inteira, e daqueles que, ano após ano, prestam homenagens silenciosas às vítimas. O naufrágio do Lima Cardoso não é apenas uma página triste na história de Guimarães — é uma ferida que nunca se fechou completamente.
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