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EM PROSA E VERSO

  • Foto do escritor: Blog Vimarense
    Blog Vimarense
  • 28 de set.
  • 2 min de leitura

Rio em Vila Nova, Guimarães, que ainda guarda sua essência de antigamente, com o banco de lavar que resiste ao tempo e conta histórias de gerações.
Rio em Vila Nova, Guimarães, que ainda guarda sua essência de antigamente, com o banco de lavar que resiste ao tempo e conta histórias de gerações.
Rio Paquetá, o mais famoso de Guimarães, cenário de muitas histórias e ponto de encontro de diversas gerações.
Rio Paquetá, o mais famoso de Guimarães, cenário de muitas histórias e ponto de encontro de diversas gerações.

Os rios de Guimarães

Por Tony Avelar *


Fim de semana em Guimarães tem gosto de liberdade, cheiro de mato e som de água correndo entre pedras. É só o sábado despontar no calendário que o povo já se organiza: rede no ombro, farofa no isopor, som no carro e coração leve — pronto pra mergulhar nos rios que parecem guardar a alma da cidade.

Me lembro bem do tempo em que o Paquetá era o destino certo. Os meninos subiam no buritizeiro como se fossem heróis da própria infância e pulavam sem medo, rindo alto, batendo a água num barulho bom de viver. Tinha quem levasse peixe pra assar, tinha quem quisesse apenas o banho — mas todos, sem exceção, saíam dali com o espírito lavado.

E quando a vontade era mudar de cenário, bastava seguir rumo à Nova Bolívia. Que beleza de lugar! Natureza exuberante, daquelas que parecem abraçar a gente. Era dia inteiro na água, na conversa mansa com os amigos, vendo o tempo escorrer preguiçoso, como o próprio rio.

Mais adiante, o Lago do Sapateiro virava festa. O som do carro de propaganda se misturava ao riso dos visitantes. Era um pedaço do paraíso com trilha sonora, cada um trazendo sua alegria para repartir.

Mas o encanto maior, pra mim, estava nas águas do rio do Gepuba. Correntezas que faziam cócegas nos pés, sombra generosa dos galhos e, claro, a cerveja gelada do bar do Louro, que parecia ter descido direto do céu. Ali o tempo não passava — ou melhor, corria no compasso certo.

E, pra quem ainda quer mais — porque sempre há espaço pra mais um mergulho — ainda restam o Itororoma e o Santa Maria. Calmos, gelados, mas com aquele abraço forte da água que desperta os sentidos e acalma a alma.

Hoje, os jovens falam de outros points: Campina, Sítio do Bebeto, Passaginha, Fonte Grande e Abrantes. Rios de águas cristalinas e recantos bons de se curtir com a família. Cervejinha gelada, camarão graúdo, peixe frito com farofa e, pra quem preferir, a carne assada no espetinho, feita na hora, com o tempero do lugar.

Mas o que não muda é a essência: os rios de Guimarães não são só geografia. São lição de vida. Ensinaram — e continuam a ensinar — que tudo passa, que tudo segue, e que, apesar das curvas, sempre há um caminho a correr.

Os rios de Guimarães não são apenas paisagem. São memória líquida. São palco de encontros, gargalhadas, histórias que ficam suspensas no ar e guardadas no fundo do peito.

Quem conhece, nunca esquece. Quem vai, sempre volta. E quem é de lá sabe: não há lugar melhor no mundo pra passar um fim de semana do que às margens desses rios que são pura poesia.


*Tony Avelar, (Marilton Fonseca Avelar) é formado em Letras pela UEMA, Funcionário Público, Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Guimarães, e da Academia Vimaranense de Letras, Artes e Ciências.

 
 
 

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