FESTA DE COSME E DAMIÃO EM GUIMARÃES MANTÉM VIVA A CULTURA
- Blog Vimarense

- 24 de set.
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Guimarães se prepara para mais uma edição da tradicional Festa de São Cosme e Damião, uma celebração que atravessa gerações e reafirma a força das religiões de matriz africana no município. O festejo, iniciado em 1999 na Rua Sousândrade, no Centro da cidade, permanece firme até hoje, mesmo após mudanças e desafios, sendo realizado atualmente na Rua São Cosme e Damião, nº 62, bairro Nova Vila.
O responsável pela tradição conta que recebeu a missão diretamente de seu pai de santo, que o orientou a assumir a obrigação com os santos gêmeos. Desde então, todos os anos, no mês de setembro, Guimarães acompanha essa festa marcada por fé, devoção, música, dança e muita partilha.
Programação 2025
Neste ano, o festejo acontecerá entre os dias 24 e 28 de setembro, com uma programação diversificada que mescla espiritualidade, cultura e confraternização:
24 e 25/09 – Apresentação de Tambor de Mina
26/09 – Apresentação de Tambor de Crioula
27/09 – Dia dedicado a São Cosme e Damião, marcado pela Mesa dos Erês, um almoço especial oferecido às crianças, consideradas os verdadeiros mordomos da festa. Além disso, ocorre a comemoração do aniversário de uma entidade ligada ao organizador, com distribuição de bolos, doces, bombons e brinquedos.
Durante o festejo – Dois dias de festa dançante também fazem parte da programação.
Tradição e resistência
Mais que uma festa, a celebração de São Cosme e Damião em Guimarães é um símbolo de resistência cultural e religiosa. Ao longo dos anos, mesmo diante de dificuldades e mudanças de endereço, a devoção se fortaleceu e ganhou espaço na comunidade, atraindo vizinhos, amigos e devotos que celebram juntos a alegria dos santos gêmeos.
O festejo organizado pelo casal Francisco Sales e Rosicleia Barbosa, mostra que a fé pode ser também um caminho de valorização da cultura afro-brasileira e de união comunitária, mantendo vivas tradições que fazem parte da identidade do povo vimarense.
São Cosme e São Damião foram dois irmãos gêmeos, médicos e cristãos, que viveram no final do século III, na região da Síria (atual Turquia). Eles se tornaram conhecidos mundialmente não apenas pelos seus dons de cura, mas principalmente pela caridade e pela fé inabalável.
Cosme e Damião dedicaram suas vidas a cuidar dos doentes sem jamais cobrar por isso. Por esse motivo, ficaram conhecidos como “anárgiros” — palavra grega que significa “sem prata” ou “sem dinheiro”. Atendiam pessoas de todas as classes sociais e religiões, sempre movidos pelo amor ao próximo e pelo exemplo de Cristo.
Durante a perseguição aos cristãos pelo Império Romano, os irmãos foram presos e sofreram várias torturas por se recusarem a renunciar ao cristianismo. Mesmo sob ameaça, permaneceram firmes em sua fé e foram executados por volta do ano 303 d.C.. Logo após suas mortes, muitos milagres começaram a ser atribuídos à sua intercessão.
A devoção a São Cosme e São Damião chegou ao Brasil trazida pelos colonizadores portugueses e se enraizou profundamente, especialmente no Nordeste. Eles são considerados padroeiros dos médicos, farmacêuticos e das crianças.
Nas religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda, são sincretizados com os Ibejis, entidades infantis associadas à alegria, pureza e proteção. Por isso, nas festas dedicadas aos santos, é comum a distribuição de doces, brinquedos e comidas às crianças, símbolo de sua doçura e generosidade.
Mais do que santos milagrosos, Cosme e Damião representam a solidariedade, a humildade e o cuidado com a vida humana. Sua história inspira, até hoje, gestos de amor ao próximo e o fortalecimento da fé em comunidades cristãs e afro-brasileiras em todo o mundo.








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